quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Neopentecostes

Por: Rogério Coelho

A Doutrina de Jesus não se sente e não se compreende senão pelo coração

“Se os meus discípulos se calarem, as pedras clamarão”. Jesus. (Lc., 19:40).

Aconteceu uma comunicação extraordinária e até onde sabemos, única, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas no dia 1º de Novembro de 1867, comunicação essa que se completou no dia 6 de dezembro do mesmo ano no Grupo de Estudos Espíritas do Sr. Desliens, ambas através do mesmo médium: M. Bertrand, e foram ditadas por 44 Espíritos (isso mesmo: 44 Espíritos!). Cada Espírito ditou uma frase que tinha tudo a ver com o seu próprio perfil psicológico. Por exemplo: a frase de Napoleão Bonaparte mencionava a palavra guerra; a de Newton citava a Ciência; as de Abelardo e Héloïse, faziam referência ao amor, a do dr. Demeure falava sobre medicina, e assim por diante, cada Espírito oferecendo o “sabor” de seu perfil psicológico, de sua personalidade temática, e todos juntos criaram um texto coerente.


Mas, como pôde ser realizada a sintonia psíquica de um médium com 44 Espíritos diferentes ao mesmo tempo?! Como fluidos tão variados podem se assimilar instantaneamente com o fluido do médium, para transmitir-lhe seus pensamentos? Parecendo prever as dúvidas que seriam suscitadas, o guia espiritual do médium (que se deu a conhecer pelo nome de Slener), ofereceu-lhe, dois dias depois da segunda comunicação, o seguinte esclarecimento:

“(...) A comunicação que obtivestes no dia de Todos os Santos, assim como a última que é dela o complemento, foram obtidas assim: Como sou teu Espírito protetor, meu fluido é similar ao teu. Coloquei-me acima de ti, transmitindo-te, o mais exatamente possível, os pensamentos e os nomes dos Espíritos que desejaram se manifestar. Eles formaram ao redor de mim uma assembleia cujos membros ditavam, alternativamente, todos os pensamentos. E o que tornou as comunicações mais fáceis, foi que os Espíritos presentes tinham saturado os ambientes das reuniões com os seus fluidos”.

Contando com as mãos do médium, eis o singular trabalho a 90 mãos:

“A medicina faz o que fazem os lagostins assustados; Dr. Demeure. Porque o magnetismo progride e progredindo, ele esmaga a medicina atual para substituí-la. Mesmer.
A guerra é um duelo que não cessará senão quando os combatentes tiverem força igual; Napoleão. Força igual materialmente e espiritualmente. General Bertrand.
A igualdade moral reinará quando o orgulho for destituído. General Brune. As revoluções são abusos que destroem outros abusos; Louis XVI. Mas esses abusos fazem nascer a liberdade. Anônimo. Para ser iguais é preciso ser irmãos; sem fraternidade, nenhuma igualdade e nenhuma liberdade. Lafayette.

A ciência é o progresso da inteligência. Newton. Mas o que lhe é preferível é o progresso moral. Jean Reynaud. A ciência permanecerá estacionaria até que a moral a tenha alcançado. François Arago. Mas para desenvolver a moral é preciso primeiro extirpar o vício. Béranger. Para destruir o vício é preciso desmascará-lo; Eugène Sue. É o que todos os Espíritos fortes e superiores procuram fazer. Jacques Arago.

Três coisas devem progredir: a música, a poesia, a pintura. A música transporta a alma impressionando o ouvido; Meyerbeer. A poesia transporta a alma abrindo o coração. Casimir Delavigne. A pintura transporta a alma agradando aos olhos. Flandrin. A poesia, a música e a pintura são irmãs e se dão as mãos; uma para abrandar o coração, a outra para abrandar os costumes, e a última para abrir a alma; todas as três para vos elevar ao vosso Criador. Alfred de Musset. Mas nada, nada deve – momentaneamente – mais progredir do que a filosofia; ela deve dar um passo imenso, deixando estacionar a ciência e as artes, mas para elevá-las tão alto, quando disto for tempo, que esta elevação será muito sutil para vós hoje. Em nome de todos, São Luís.


O amor é uma lira cujas vibrações são os acordes divinos. Héloïse. O amor tem três cordas em sua lira: a emanação divina, a poesia e a melodia; se uma delas falta, os acordes são imperfeitos. Abélard. O amor verdadeiro é harmonioso; suas harmonias embriagam o coração elevando a alma. A paixão entristece os acordes, abaixando a alma. Bernardin de Saint-Pierre.
Era o amor o que Diógenes procurava procurando um homem... que veio alguns séculos mais tarde, e que o ódio, o orgulho e a hipocrisia crucificaram. Sócrates.

Os sábios da Grécia, algumas vezes, o foram mais em seus escritos e em suas palavras do que em sua pessoa. Platão. Ser sábio é amar; procuremos, pois, o amor pelo caminho da sabedoria. Fénelon. Não podeis ser sábios, se não souberdes vos elevar acima da maldade dos homens. Voltaire. O sábio é aquele que não crê sê-lo. Corneille. Quem se crê pequeno é grande; quem se crê grande é pequeno. Lafontaine. O sábio se crê ignorante, e quem se crê sábio é ignorante. Esopo. A humildade se crê ainda orgulhosa, e quem se crê humilde não o é. Racine. Não confundais com os humildes aqueles que dizem, por fingida modéstia, ou por interesse, o contrário do que são: estaríeis no erro. Neste caso a verdade se cala. Bonnefond.

O gênio se possui por inspiração e não se adquire; Deus quer que as coisas maiores sejam descobertas ou inventadas por seres sem instrução, a fim de paralisar o orgulho, para tornar o homem solidário do homem. François Arago.

Não tratam de loucos senão aqueles cujas ideias não são timbradas pela autoridade da ciência; é assim que aqueles que creem tudo saber, rejeitam os pensamentos de gênio daqueles que não sabem nada. Béranger. A crítica é o estimulante do estudo, mas é a paralisação do gênio. Molière.
A ciência aprendida não é senão o esboço da ciência inata; ela não se torna inteligente senão na nova encarnação. J.J. Rousseau. A encarnação é o sono da alma; as peripécias da vida lhe são os sonhos. Balzac. Algumas vezes a vida não é senão um horrível pesadelo para o Espírito, e, frequentemente, tarda-lhe para que esteja finda; La Rochefoucault. Ali está a sua prova; se resiste, dá um passo para o progresso, se não, entrava o caminho que deve conduzi-lo ao porto. Martin.

Ao despertar da alma que saiu vitoriosa das lutas terrestres, o Espírito é maior e mais elevado; se ele sucumbe, encontra-se tal qual era. Pascal.

É negar o progresso o querer que a língua seja o emblema da imutabilidade de uma doutrina religiosa; além disto, é forçar o homem a orar mais de lábios do que de coração. Descartes. A imu-tabilidade não reside na forma das palavras, mas no verbo do pensamento. Lamennais.
Jesus dizia aos Seus apóstolos para irem pregar o Evangelho em seu idioma, e que todos os povos os compreenderiam. Lacordaire.

A fé desinteressada faz milagres. Boileau.

A Doutrina de Jesus não se sente e não se compreende senão pelo coração; qualquer que seja, pois, a maneira pela qual se fale, ela é sempre o amor e a caridade. Bossuet.

As preces ditas ou escritas que não são compreendidas, deixam vagar os pensamentos, permitindo aos olhos se distraírem pelo fausto das cerimônias. Massilon.

Tudo mudará, sem, no entanto, retornar à simplicidade de antes, o que seria a negação do progresso. As coisas se farão sem fausto e sem orgulho. Sibour.

O amor triunfará, e virão com ele: a sabedoria, a caridade, a prudência, a força, a ciência, a humildade, a calma, a justiça, o gênio, a tolerância, o entusiasmo e a glória majestosa e divina. E esmagará, pelo seu esplendor: o orgulho, a inveja, a hipocrisia, a maldade e o ciúme que arrastam atrás de si a preguiça, a gulodice e a luxúria. Eugène Sue. O amor reinará, e para que ele não tarde, é preciso, corajoso Diógenes, tomar na mão o facho do Espiritismo, e mostrar aos humanos os vermes roedores que formam ferida em sua alma. São Luís”.

KARDEC, Allan. Revue Spirite, março de 1867. Araras: IDE, 1993, p.p. 80-85.
fonte: http://www.oclarim.com.br/?id=7&tp_not=2&cod=1023

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Enquanto...

Busque agir para o bem, enquanto você dispõe de tempo. É perigoso guardar uma cabeça cheia de sonhos, com as mãos desocupadas.
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Acenda sua lâmpada, enquanto há claridade em torno de seus passos. Viajor algum fugirá às surpresas da noite.

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Ajude o próximo, enquanto as possibilidades permanecem de seu lado. Chegará o momento em que você não prescindirá do auxílio dele.

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Utilize o corpo físico para recolher as bênçãos da vida Mais Alta, enquanto suas peças se ajustam harmoniosamente. O vaso que reteve essências sublimes ainda espalha perfume, depois de abandonado.

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Dê suas lições sensatamente, na escola da vida, enquanto o livro das provas repousa em suas mãos. Aprender é uma bênção e há milhares de irmãos, não longe de você, aguardando uma bolsa de estudos na reencarnação.

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Acerte suas contas com o vizinho, enquanto a hora é favorável. Amanhã, todos os quadros podem surgir transformados.

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Ninguém deve ser o profeta da morte e nem imitar a coruja agourenta. Mas, enquanto você guardar oportunidade de amealhar recursos superiores para a vida espiritual, aumente os seus valores próprios e organize tesouros da alma, convicto de que sua viagem para outro gênero de existência é inevitável.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã. Ditado pelo Espírito André Luiz. Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1999.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Liberte Sua Alma.


Não se prenda à beleza das formas efêmeras. A flor passa breve.

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Não amontoe preciosidades que pesem na balança do mundo. As correntes de ouro prendem tanto quanto as algemas de bronze.

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Não se escravize às opiniões da leviandade ou da ignorância. Incitatus, o cavalo de Calígula, podia comer num balde enfeitado de pérolas, mas não deixava, por isso, de ser um cavalo.

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Não alimente a avidez da posse. A casa dos numismatas vive repleta de moedas que serviram a milhões e cujos donos desapareceram.

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Não perca sua independência construtiva a troco de considerações humanas. A armadilha que pune o animal criminoso é igual à que surpreende o canário negligente.

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Não acredite no elogio que empresta a você qualidades imaginárias. Vespas cruéis por vezes se escondem no cálice do lírio.

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Não se aflija pela aquisição de vantagens imediatas na experiência terrestre. Os museus permanecem abarrotados de mantos de reis e de outros "cadáveres de vantagens mortas".

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Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã. Ditado pelo Espírito André Luiz. 3 edição. Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1999.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Caridade

Ciência e caridade - Picasso (1897)
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Caridade é , sobretudo, amizade.

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Para o faminto - é o prato de sopa.

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Para o triste - é a palavra consoladora.

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Para o mau - é a paciência com que nos compete auxiliá-lo

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Para o desesperado - é o auxílio do coração.

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Para o ignorante - é o ensino despretensioso.

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Para o ingrato - é o esquecimento.

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Para o enfermo - é a visita pessoal.

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Para o estudante - é o concurso no aprendizado.

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Para a crianca - é a proteção construtiva.

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Para o velho - é o braço irmão.

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Para o inimigo - é o silêncio.

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Para o amigo - é o estímulo.

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Para o transviado - é o entendimento.

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Para o orgulhoso - é a humildade.

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Para o colérico - é a calma.

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Para o preguiçoso - é o trabalho.

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Para o impulsivo - é a serenidade.

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Para o leviano - é a tolerância.

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Para o deserdado da Terra - é a expressão de carinho.

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Caridade é amor, em manifestação incessante e crescente. É o sol de mil faces, brilhando para todos, e o gênio de mil mãos, amparando, indistintamente, na obra do bem, onde quer que se encontre, entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes, por que, onde estiver o Espírito do Senhor aí se derrama a claridade constante dela, a benefício do mundo inteiro.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Viajor. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Araras, SP: IDE. 1985.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Caridade do Pensamento

Sabemos todos que o pensamento é onda de vida criadora, emitindo forças e atraindo-as, segundo a natureza que lhe é própria.

Fácil entender, à vista disso, que nos movemos todos num oceano de energia mental.

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Cada um de nós é um centro de princípios atuantes ou de irradiaçôes que liberamos, consciente ou inconscientemente.

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Sem dúvida, a palavra é o veículo natural que nos exprime as idéias e as intenções que nos caracterizem, mas o pensamento, em si, conquanto a força mental seja neutra qual ocorre à eletricidade, é o instrumento genuíno das vibrações benéficas ou negativas que lançamos de nós, sem a apreciação imediata dos outros.

Meditemos nisso, afastemos do campo íntimo qualquer expressão de ressentimento, mágoa, queixa ou ciúme, modalidades do ódio, sempre suscetível de carrear a destruição.

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Se tens fé em Deus, já sabes que o amor é a presença da luz que dissolve as trevas.

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Cultivemos a caridade do pensamento.

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Dá o que possas, em auxílio aos outros, no entanto, envolve de simpatia e compreensão tudo aquilo que dês.

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No exercício da compaixão, que é a beneficência da alma, revisa o que sentes, o que desejas, o que acreditas e o que falas, efetuando a triagem dos propósitos mais ocultos que te inspirem, a fim de que se traduzam em bondade e entendimento, porque mais dia menos dia, as nossas manifestações mais íntimas se evidenciam ou se revelam, inelutavelmente, de vez que tudo aquilo que colocarmos, no oceano da vida, para nós voltará.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Paciência. Ditado pelo Espírito Emmanuel. CEU. 1983.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

É primavera... Que pena!

Por Octávio Caúmo Serrano

Que pena que no coração dos homens não nasçam flores como na natureza!...

Quando chega setembro e explode a primavera, as flores ornamentam os cenários. São as cultivadas e premiadas orquídeas, são as árvores ornamentais, as frutíferas e as flores silvestres que, na sua singeleza, se exibem com seus matizes, perfumes e formatos os mais diversos.

Os homens, enquanto isso, seguem endurecidos, materialistas, e não percebem que lhes está reservado um futuro de alegria e paz.

Por que eles não percebem? Porque não param para examinar e verificar o que lhes compete fazer como filhos diletos do Criador, já que para eles estão reservados os melhores cuidados de Deus.

Como devem proceder para compreender e acreditar nessa verdade?

Devem analisar a vida com uma profundidade que até agora eles não alcançaram. Estudar para saber quem são e como podem desfrutar de alegrias que estão camufladas, hibernadas, que eles não deixam nascer.

Ficamos tristes quando analisamos nossas reuniões espíritas e vemos que ninguém se interessa pelo estudo. O Centro só é procurado para a solução de problemas ou como um compromisso vago de aproximação com a fé uma vez por semana.

Embora as palestras públicas transmitam conteúdo evangélico e doutrinário, nos dias de estudo regular há uma sequência de explicações que formam, com o passar do tempo, uma bagagem de sabedorias que nos libertam de preconceitos escravizadores, nascidos do desconhecimento.

Uma reunião de estudo é uma bênção que Kardec nos legou por orientação dos Espíritos Superiores e que ainda não valorizamos devidamente. Mesmo os que estudam não são constantes. Tudo é motivo para faltar à reunião, porque não entendem a importância da sua presença que, além do conhecimento adquirido, evidencia disciplina, assiduidade e interesse em merecer a ajuda do Céu. Como querer a ajuda de Deus se não fazemos a parte que nos toca?

Pena que, enquanto na primavera a natureza produz flores, o homem no seu coração siga apenas cultivando espinhos!

Fonte: http://www.oclarim.com.br/?id=7&tp_not=1&cod=455

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Lutar é vencer.

Por Luiz Carlos Prates (clicrbs.com.br)

Faz alguns dias, uma mulher deu um tapa simbólico na cara de machos obtusos e de outras mulheres frouxas, mulheres que, aliás, não deviam ter nascido.

Antes de abrir a porta e deixar entrar o assunto desta conversa, devo dizer que costumamos gozar de inúmeros prazeres graças ao esforço, à coragem, ao pioneirismo anônimo de outras pessoas, muitas das quais nunca ouvimos falar. Pessoas que um dia enfrentaram resistências, souberam dizer não, expuseram-se a graves riscos mas persistiram, lutaram por direitos, decência e, mais do que tudo, por respeito.

Como dizia, dia destes uma mulher formidável, dessas que mudam a História, foi fustigada no Sudão, país africano, por andar nas ruas vestindo calças. Sim, calças dessas que um dia só foram usadas por homens, mas que há muito tempo foram aderidas pelas mulheres. Claro, com as devidas adaptações de estilo.

Essa mulher de quem trato é jornalista, viúva, tem 34 anos e é muçulmana. Pois não é que homens imbecis teimaram que ela não podia usar calças, roupa, para eles, indecente... Pode tão crassa estupidez? Claro que pode, é o que mais há por aí em nações de formidável atraso civilizatório e religioso... argh!

Pois essa jornalista, de nome Lubna, por andar vestindo o "pecado", foi condenada a 40 chibatadas. Quarenta chibatadas no dorso frágil de mulher. E tudo por usar calças.

Mas os machos de araque se deram mal e recuaram na covarde punição. O mundo reagiu, e os moralistas de botequim se borraram. Comutaram a pena.

Deram a Lubna, como pena alternativa, uma multa de aproximadamente R$ 400. Lubna disse que não pagava e ponto final, que preferia ir para a cadeia. E ainda disse que se aceitasse a multa isso corresponderia a aceitar-se culpada de alguma coisa, e ela não era culpada de nada, nada tinha feito de errado. Que viessem os carcereiros buscá-la, preferia a cadeia a ser vencida. E venceu. Os "valentes" acabaram por libertá-la de tudo.

Essa história bem mostra que as mulheres, ou qualquer um, quando luta por uma causa, sabe da decência dessa causa, sabe dos seus direitos de cidadã, de cidadão e não arria para machos impotentes, vence a luta. Esse tipo de "macho" não está acostumado a enfrentar resistência, escora-se, não raro, em liturgias e sentenças religiosas. Aliás, nada tem de religioso qualquer cerceamento à liberdade das pessoas, e mais ainda quando o cerceamento resulta de exigências de tolos apedeutas.

Bela Lubna, à vida. Tu que és símbolo do que há de melhor nas melhores mulheres.

Fonte: http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=2&local=18&template=3948.dwt&section=Blogs&post=227506&blog=425&coldir=1&topo=3994.dwt

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Livro dos Espíritos

Parte Terceira – Capítulo 12 - Perfeição moral

Egoísmo

913 Entre os vícios, qual se pode considerar o pior?

– Já dissemos várias vezes: é o egoísmo; dele deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Vós os combatereis inutilmente e não conseguireis arrancá-los enquanto não tiverdes atacado o mal pela raiz, enquanto não tiverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse objetivo, porque aí está a verdadeira chaga da sociedade. Aquele que deseja se aproximar, já nesta vida, da perfeição moral, deve arrancar de seu coração todo sentimento de egoísmo, por ser incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades.

914 Parece bem difícil extinguir inteiramente o egoísmo do coração do homem se ele estiver baseado no interesse pessoal; pode-se conseguir isso?

– À medida que os homens se esclarecem sobre as coisas espirituais, dão menos valor às materiais. É preciso reformar as instituições humanas que estimulam e mantêm o egoísmo. Isso depende da educação.

915 O egoísmo, sendo próprio da espécie humana, não será sempre um obstáculo para que reine o bem absoluto na Terra?

– É certo que o egoísmo é o maior mal, mas ele se prende à inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra, e não à humanidade em si mesma; os Espíritos, ao se depurarem nas sucessivas encarnações, perdem o egoísmo como perdem outras impurezas. Não tendes na Terra algum homem desprovido de egoísmo e praticando a caridade? Há mais do que imaginais, porém pouco os conheceis, porque a virtude não se põe em evidência; se há um, por que não haveria dez? Se há dez, por que não haveria mil e assim por diante?

916 O egoísmo, longe de diminuir, aumenta com a civilização, que parece excitá-lo e mantê-lo; como a causa poderá destruir o efeito?

– Quanto maior o mal, mais se torna horrível. Será preciso que o egoísmo cause muito mal para fazer compreender a necessidade de extingui-lo. Quando os homens tiverem se libertado do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, não se fazendo nenhum mal, ajudando-se mutuamente pelo sentimento natural da solidariedade; então o forte será o apoio e não opressor do fraco, e não se verão mais homens desprovidos do indispensável para viver, porque todos praticarão a lei da justiça. É o reino do bem que os Espíritos estão encarregados de preparar. (Veja a questão 784.)

917 Qual o meio de destruir o egoísmo?

– De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de extinguir é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria da qual o homem, ainda muito próximo de sua origem, não se pode libertar. Tudo concorre para manter essa influência: suas leis, sua organização social, sua educação.

O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a material, e principalmente com a compreensão que o Espiritismo vos dá do futuro real, e não desnaturado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo está fundado sobre a importância da personalidade; portanto, o Espiritismo bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de alguma forma, perante a imensidão. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer vê-la como é, combate necessariamente o egoísmo.

É o choque que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna freqüentemente egoísta por si mesmo, porque ele sente a necessidade de se colocar na defensiva. Ao ver que os outros pensam só em si mesmos e não nos demais, é conduzido a se ocupar de si mais do que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de homem para homem, e o homem pensará menos em sua pessoa quando vir que outros pensam nisso; ele sofrerá a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em face da atual intensidade do egoísmo humano, é preciso uma verdadeira virtude para se desprender de sua personalidade em favor dos outros, que freqüentemente não sabem agradecer. É principalmente para os que possuem essa virtude que o reino dos céus está aberto; é especialmente para eles que está reservada a felicidade dos eleitos, porque eu vos digo em verdade que, no dia da justiça, quem tiver apenas pensado em si mesmo será colocado de lado e sofrerá no seu abandono. (Veja a questão 785.)

Fénelon

Sem dúvida, louváveis esforços são feitos para que a humanidade avance; encorajam-se, estimulam-se, honram-se os bons sentimentos mais do que em qualquer outra época e, entretanto, o verme roedor do egoísmo continua sendo sempre a chaga social. É um mal real que recai sobre todo o mundo, do qual cada um é mais ou menos vítima. É preciso combatê-lo como se combate uma doença epidêmica. Para isso, deve se proceder à maneira dos médicos: ir à origem. Que se procurem, então, em todas as partes da organização social, desde a família até os povos, desde a cabana até os palácios, todas as causas, todas as influências evidentes ou escondidas que excitam, mantêm e desenvolvem o sentimento do egoísmo; uma vez conhecidas as causas, o remédio se mostrará por si mesmo. Restará somente combatê-las, senão todas de uma vez, pelo menos parcialmente e, pouco a pouco, o veneno será eliminado. A cura poderá ser demorada, porque as causas são numerosas, mas não é impossível. Isso só acontecerá se o mal for atacado pela raiz, ou seja, pela educação; não pela educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A educação, bem entendida, é a chave do progresso moral; quando se conhecerem a arte de manejar os caracteres, o conjunto de qualidades do homem, como se conhece a de manejar as inteligências, será possível endireitá-los, como se endireitam plantas novas; mas essa arte exige muito tato, muita experiência e uma profunda observação. É um grave erro acreditar que basta ter o conhecimento da ciência para exercê-la com proveito. Todo aquele que acompanha o filho do rico ou do pobre, desde o nascimento e observa todas as influências más que atuam sobre eles por conseqüência da fraqueza, do desleixo e da ignorância daqueles que os dirigem, quando, freqüentemente, os meios que se utilizam para moralizá-lo falham, não se pode espantar em encontrar no mundo tantos defeitos. Que se faça pela moral tanto quanto se faz pela inteligência e se verá que, se existem naturezas refratárias, que se recusam a aceitá-las, há, mais do que se pensa, as que exigem apenas uma boa cultura para produzir bons frutos. (Veja a questão 872.)

O homem deseja ser feliz e esse sentimento é natural; por isso trabalha sem parar para melhorar sua posição na Terra; ele procura a causa de seus males a fim de remediá-los. Quando compreender que o egoísmo é uma dessas causas, responsável pelo orgulho, ambição, cobiça, inveja, ódio, ciúme, que o magoam a cada instante, que provoca a perturbação e as desavenças em todas as relações sociais e destrói a confiança, que o obriga a se manter constantemente na defensiva, e que, enfim, do amigo faz um inimigo, então compreenderá também que esse vício é incompatível com sua própria felicidade e até mesmo com sua própria segurança. E quanto mais sofre com isso, mais sentirá a necessidade de combatê-lo, assim como combate a peste, os animais nocivos e os outros flagelos; ele será levado a agir assim por seu próprio interesse. (Veja a questão 784.)

O egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como a caridade é de todas as virtudes; destruir um, desenvolver o outro, esse deve ser o objetivo de todos os esforços do homem, se quiser assegurar sua felicidade aqui na Terra e, futuramente, no mundo espiritual.


Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/le/le-3-12.html - O Livro dos espíritos - Parte Terceira - Capitulo 12 - Perfeição moral - Egoísmo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Evolucionismo x Criacionismo.


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Por Marta Kanashiro (www.comciencia.br)

A interação dos discursos científico e religioso

O senso comum diz que ciência e religião não se misturam. No entanto, quando se trata de compreender os discursos religiosos e científicos, emergem uma série de articulações entre eles, ambos vistos como narrativas e interpretações do mundo inseridas em um contexto histórico, social, político, econômico e cultural.

Segundo a socióloga da Unesp, Leila Marrach de Albuquerque, é nesse sentido que se pode procurar compreender, por exemplo, a aproximação entre o discurso científico e o kardecismo (ou espiritismo), doutrina filosófica e religiosa que surgiu no século XIX, formulada por Hippolyte Denizard Léon Rivail, mais conhecido como Allan Kardec.

O século XIX caracterizou-se, no mundo ocidental, pela predominância da idéia de ciência moderna e racional oriunda dos séculos XV e XVI, a qual colocava-se em oposição à tradição, religião, magia e ao aristotelismo. Somou-se a isso, as noções, da mesma época, de positivismo, cientificismo, empirismo e evolucionismo, todas simultâneas ao colonialismo. Albuquerque afirma que influenciada por esse contexto, a fundamentação do kardecismo reveste-se de uma linguagem muito próxima da ciência do período, incorporando idéias do discurso científico vigente.

Para Benito Bisso Schmidt, cientista social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os últimos anos do século XIX e os primeiros do XX foram marcados pela difusão de diversas teorias cientificistas, que deixaram marcas profundas no estudo da natureza (Darwin), da sociedade (com o positivismo de Comte e o darwinismo social de Spencer), no direito e na psiquiatria (com a antropologia criminal de Cesare Lombroso e Enrico Ferri), e mesmo na religião (com o kardecismo). Para ele, tais correntes buscavam romper com explicações abstratas e metafísicas, buscando desvendar racionalmente a lógica do mundo natural, social, humano e sobrenatural, preferencialmente através da observação empírica. "Todas tinham como ponto em comum a convicção de que a ciência e a técnica poderiam resolver os problemas básicos da humanidade", diz ele.

O antropólogo Emerson Giumbelli, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também concorda com a possibilidade de associar parte das características do espiritismo às idéias da segunda metade do século XIX, e exemplifica com a trajetória do próprio Kardec: "Rivail formou-se como educador e está longe da imagem que, geralmente, temos dos fundadores religiosos. Nenhum grande acontecimento místico marca sua vida. Além disso, ele aproximou-se dos fenômenos associados ao espiritismo com uma curiosidade cética e insistiu em sustentar as credenciais científicas da doutrina a que chamou espiritismo". Giumbelli ainda destaca que uma das frases mais conhecidas de Kardec é: "O sobrenatural não existe". O kardecismo exprime assim uma mentalidade da época que é cientificista.

Em seu livro O cuidado dos mortos: uma história da condenação e legitimação do espiritismo, Giumbelli apresenta o espiritismo como uma produção histórica. A antropóloga Patrícia Blum, da Universidade do Rio de Janeiro (Uerj), avaliou a pesquisa de Giumbelli: "uma compreensão do kardecismo como resultado de um processo, de uma conjunção peculiar, um encontro de estratégias discursivas, desenvolvidas por agentes sociais diversos".

Albuquerque complementa ainda que, dado o contexto europeu do século XIX, Kardec incorpora procedimentos científicos rigorosos para encontrar seu espaço na sociedade francesa. "São procedimentos baseados no método próprio da ciência moderna. Além disso, ele define o espiritismo como ciência, filosofia e religião, preocupado em garantir níveis de verdade a uma prática que, no contexto do cientificismo, seria desprestigiada, porque era religiosa".


A construção da relação entre espiritismo e ciência

Segundo a socióloga da Unesp, a idéia de reencarnação é fruto de idéias hinduístas e budistas que circulavam na Europa, devido ao contexto colonial. "Kardec afirma que a idéia de reencarnação é originária dos druidas (mito gaulês), povo que teria vivido onde hoje é a França. É até possível que os druidas também tivessem essas idéias, mas há poucas e fragmentadas informações sobre culturas pré-romanas, enquanto que por outro lado, tínhamos toda a Ásia muito presente no dia-a-dia da Europa", diz Albuquerque.

Ela destaca que o mais interessante da formulação desse pressuposto do kardecismo é o distanciamento da doutrina hinduísta da metempsicose, que afirma a possibilidade da reencarnação dos seres humanos em plantas e animais. Isso permite a aproximação da idéia de evolucionismo, não no sentido darwinista, mas daquele que associa a idéia de evolução com a idéia de progresso. A socióloga nota que, no hinduísmo há uma integração muito grande entre homem e natureza. "No hinduísmo toda a natureza é personagem. Já no kardecismo esse aspecto foi eliminado e, no bojo do evolucionismo, o homem reencarna para evoluir, melhorar, progredir e, ao mesmo tempo, é o senhor da natureza. Ele a domina de maneira coerente com esse modelo científico, a ciência racional, moderna e antropocêntrica", diz ela. Albuquerque observa ainda, que essa aproximação com o evolucionismo afasta a noção de tempo cíclico característico da cultura hindu. "Na Índia, o tempo é entendido como cíclico, diferentemente da idéia de tempo evolutivo, linear, do ocidente, que segue numa única direção, a do progresso e da melhora", explica ela.

O outro pilar do espiritismo segundo a socióloga é a noção de carma, também hindu, que enfatiza a responsabilidade do homem pelas suas ações passadas e presentes, com conseqüências para sua própria existência. Essa idéia foi associada no kardecismo a uma noção também científica, a de causalidade. "O kardecismo associou a idéia de carma às leis de causa e efeito, isto é, o que se faz numa encarnação teria efeito em outras encarnações, e o que acontece com determinada pessoa hoje seria resultado de vidas pregressas".

O terceiro pressuposto é a comunicação com os espíritos dos mortos ou mediunidade. Para a socióloga, é nesse ponto que Kardec mostra mais claramente a prática do empirismo e da necessidade de verificação. As sessões de comunicação com tais espíritos eram uma forma de verificar as hipóteses cientificamente, através de procedimentos controlados. Enfim, para a socióloga, Allan Kardec constrói o discurso do espiritismo apropriando-se de noções originárias de países colonizados e dando à elas um novo significado no contexto da civilização científica.

Albuquerque conclui que, se existe uma aproximação entre ciência e kardecismo, ela está nesse empenho de Kardec, em submeter seus pressupostos religiosos a verificações científicas, ao rigor do método, tendo como pano de fundo um tempo evolucionista.


Ciência e kardecismo hoje

Norteada pelas obras de Allan Kardec, a aproximação entre ciência e espiritismo continua vigente entre os espíritas kardecistas. Uma das passagens que dá margem para essa continuidade está em A Gênese, na qual Kardec afirma a necessidade de que o kardecismo acompanhe as mudanças na ciência e seja sempre atualizado: "caminhando de par com progresso, o espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto".

É nesse sentido que o físico e filósofo da ciência da Unicamp, Silvio Seno Chibeni, procura distanciar o espiritismo kardecista do positivismo. Para Chibeni, essa vertente filosófica está mais relacionada com a parapsicologia, que ele rejeita e caracteriza "pela pretensão à cientificidade". Apesar desse distanciamento proposto, Chibeni procura em diversos textos aproximar-se de clássicos da filosofia da ciência, como Thomas Khun e Imre Lakatos, para defender que a doutrina espírita constitui sim um paradigma científico. "A teoria espírita se faz acompanhar daqueles elementos vitais de um legítimo paradigma científico, e que nem sempre são inteiramente explicáveis: critérios, métodos e valores, que norteiam a busca, descrição e avaliação, tanto de fatos, como de princípios resolvidos pela teoria espírita, verdadeiros modelos a serem seguidos na abordagem de outros problemas", afirma Chibeni.

A Federação Espírita Brasileira também afirma que o espiritismo busca estar lado a lado com a ciência, aceitando descobertas científicas, buscando explicações racionais e lógicas para todas as coisas e crendo na criação divina, sem se permitir fundamentalismos. Apesar da crença na criação divina, os kardecistas não aderem à idéia criacionista de que o mundo tem apenas seis mil anos de idade. Em texto de A Gênese, Kardec chega a avaliar como hipótese articulável com a doutrina espírita, a possibilidade do homem descender do macaco. No entanto, não aceita nem recusa a hipótese.

Emerson Giumbelli, antropólogo da UFRJ, explica que alguns cientistas sociais e historiadores consideram que no Brasil o espiritismo tornou-se menos científico e mais religioso. Para defender esse ponto de vista, apontam a ênfase dada, no Brasil, à caridade, aos evangelhos cristãos e às curas. Mas o próprio Giumbelli discorda dessa posição, afirmando que tais elementos, embora exacerbados no Brasil, já existiam nas formulações kardecistas originais, e nada há neles que invalide, dentro das concepções espíritas, o recurso à ciência. "A rigor, um espiritismo sem ciência, seria um espiritismo sem mediunidade. É verdade que são poucos os intelectuais que se dedicam a elaborações eruditas sobre a mediunidade e, menos ainda, os que lhe conferem interesse científico. No entanto, a referência à cientificidade funciona como um sinal capaz de assinalar diferenças relativas", diz Giumbelli. O antropólogo ainda cita o artigo de Gerson Simões Monteiro, liderança espírita do Rio de Janeiro, posicionando-se na atual controvérsia sobre o criacionismo. "No artigo, Monteiro resume com aprovação as teorias que seguem a linha darwinista e conclui com afirmações, que sustentam exatamente o que o espiritismo pretende ser, uma síntese entre ciência e religião".


Fonte: http://www.comciencia.br/200407/reportagens/06.shtml

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O Livro dos Espíritos.

888 O que pensar da esmola?

– O homem reduzido a pedir esmola se degrada moral e fisicamente: ele se embrutece. Numa sociedade baseada na lei de Deus e na justiça, deve-se prover a vida do fraco sem humilhação e garantir a existência daqueles que não podem trabalhar sem deixar sua vida sujeita ao acaso e à boa vontade.

888 a Vós reprovais a esmola?

– Não; não é a esmola que é reprovável, é muitas vezes a maneira como é dada. O homem de bem que compreende a caridade, como Jesus, vai até o infeliz sem esperar que ele estenda a mão.

A verdadeira caridade é sempre boa e benevolente, tanto no ato quanto na forma. Um serviço que nos é oferecido com delicadeza tem seu valor aumentado; mas se é feito com ostentação, a necessidade pode fazer com que seja aceito, porém o coração não se sente tocado.

Lembrai-vos também que a ostentação tira, aos olhos de Deus, o mérito do benefício. Jesus ensinou: “Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita”, ensinando a não ofuscar a caridade com o orgulho.

É preciso distinguir a esmola propriamente dita da beneficência. O mais necessitado nem sempre é aquele que pede; o temor da humilhação tolhe o verdadeiro pobre, que sofre sem se lamentar; é a esse que o homem verdadeiramente humano deve procurar sem ostentação.

Amai-vos uns aos outros, eis toda a lei. Lei divina pela qual Deus governa os mundos. O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados; a atração é a lei de amor para a matéria inorgânica.

Nunca vos esqueçais de que o Espírito, seja qual for seu grau de adiantamento, sua situação como reencarnado ou no mundo espiritual, está sempre colocado entre um superior que o guia e aperfeiçoa e um inferior diante do qual tem esses mesmos deveres a cumprir.

Sede caridosos, praticando não apenas a caridade que tira do bolso a esmola que dais friamente àquele que ousa pedir, mas a que vos leve ao encontro das misérias ocultas. Sede indulgentes para com os defeitos de vossos semelhantes. Em vez de desprezar a ignorância e o vício, instruí-os e moralizai-os. Sede doces e benevolentes para todos que são inferiores; sede doces e benevolentes mesmo em relação aos seres mais insignificantes da criação e tereis obedecido à lei de Deus.

São Vicente de Paulo

889 Não existem homens reduzidos a mendigos por sua própria culpa?

– Sem dúvida; mas se uma boa educação moral lhes ensinasse a praticar a lei de Deus, não cairiam nos excessos que causam sua perdição; é daí, especialmente, que depende o melhoramento de vosso globo. (Veja a questão 707.)


O Livro dos Espíritos, Parte Terceira - Capítulo 11 (Lei de justiça, amor e caridade) - Caridade e amor ao próximo. Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/le/le-3-11.html

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O Aprendiz Desapontado.

Um menino que desejava ardentemente residir no Céu, numa bonita manhã, quando se encontrava no campo, em companhia de um burro, recebeu a visita de um anjo.

Reconheceu, depressa, o emissário de Cima, pelo sorriso bondoso e pela veste resplandecente.

Alucinado de júbilo, o rapazelho gritou:

-Mensageiro de Jesus, quero o paraíso! Que fazer para chegar até lá?!

O anjo respondeu com gentileza:

-O primeiro caminho para o Céu é a obediência e, o segundo é o trabalho.

O pequeno, que não parecia muito diligente, ficou pensativo.

O enviado de Deus então disse:

-Venho a este campo, a fim de auxiliar a Natureza que tanto nos dá.

Fixou o olhar mais docemente na criança e rogou:

-Queres ajudar-me a limpar o chão, carregando estas pedras para o fosso vizinho?

O menino respondeu:

-Não posso.

Todavia, quando o emissário celeste se dirigiu ao burro, o animal prontificou-se a transportar os calhaus, pacientemente, deixando a terra livre e agradável.

Em seguida, o anjo passou a dar ordens de serviço em voz alta, mas o menino recusava-se a contribuir, enquanto o burro ia obedecendo.

No instante de mover o arado, o rapazinho desfez-se em palavras feias, fugindo à colaboração. O muar disciplinado, contudo, ajudou, quanto pôde, em silêncio.

No momento de preparar a sementeira, verificou-se o mesmo quadro: o pequeno repousava e o burro trabalhava.

Em todas as medidas iniciais da lavoura, o pesado animal agia cuidadoso, colaborando eficientemente com o lavrador celeste; entretanto, o jovem, cheio de saúde e leveza, permaneceu amuado, a um canto, choramingando sem saber por que e acusando não se sabe a quem.

No fim do dia, o campo estava lindo.

Canteiros bem desenhados surgiam ao centro, ladeados por fios de água benfeitora.

As árvores, em derredor, pareciam orgulhosas em protegê-los. O vento deslizava tão manso que mais se assemelhava a um sopro divino cantando nas campânulas do matagal.

A Lua apareceu espalhando intensa claridade.

O anjo abraçou o obediente animal, agradecendo-lhe a contribuição. Vendo o menino que o mensageiro se punha de volta, gritou, ansioso:

-Anjo querido, quero seguir contigo, quero ir para o Céu!...

O Emissário divino respondeu, porém:

-O paraíso não foi feito para gente preguiçosa. Se desejas encontrá-lo, aprende primeiramente a obedecer como o burro que soube receber a bênção da disciplina e o valor da educação.

E assim esclarecendo subiu para as estrelas, deixando o rapazinho desapontado, mas disposto a mudar de vida.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio. 11 edição. Rio de Janeiro: FEB. 1996.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Advogado da Cruz.

Referiu-se o Senhor: "Toma a tua cruz e segue-me."
Desse modo, prometeu-nos Ele a paz após a cruz.
Cruz e paz - eis os termos da equação da vida.
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No mundo antigo, o apelo à Justiça significava a punição com a morte. As dívidas pequeninas representavam cativeiro absoluto. Os vencidos eram atirados nos vales imundos. Arrastavam-se os delinqüentes nos cárceres sem esperança. As dádivas agradáveis aos deuses partiam das mãos ricas e poderosas. Os tiranos cobriam-se de flores, enquanto os miseráveis se trajavam de espinhos.

Mas, um dia, chegou ao mundo o Sublime Advogado dos oprimidos. Não havia, na Terra, lugar para Ele. Resignou-se a alcançar a porta dos homens, através de uma estrebaria singela.

Em breve, porém, restaurava o templo da fé viva, na igreja universal dos corações amantes do bem. Deu vista aos cegos. Curou leprosos e paralíticos. Dignificou o trabalho edificante, exaltou o esforço dos humildes, quebrou as algemas da ignorância, instituiu a fraternidade e o perdão.

Processaram-no, todavia, os homens perversos, à conta de herético, feiticeiro e ladrão.

Depois do insulto, da ironia, da pedrada, conduziram-no ao madeiro destinado aos criminosos comuns.

Ele, que ensinara a Justiça, não se justificou; que salvara a muitos, não se salvou da crucificação; que sabia a verdade, calou-se para não ferir os próprios verdugos.

Desde esse dia, contudo, o Sublime Advogado transformou-se no Advogado da Cruz e, desde o supremo sacrifício, sua voz tornou-se mais alta para os corações humanos. ele, que falava na Palestina, começou a ser ouvido no mundo inteiro; que apenas conversava como o povo de Israel, passou a entender-se com as várias nações do Globo; que somente se dirigia aos homens de pequeno país, passou a orientar os missionários retos de todos os serviços edificantes da Humanidade.

Que importam, pois, nos domínios da Fé, as perseguições da maldade e os ataques da ignorância? A advogado da Cruz continua operando em silêncio e falará, em todos os acontecimentos da Terra, aos que possuam "ouvidos de ouvir".

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Antologia Mediúnica do Natal. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Adolescente e o Problemas das Drogas.

Entre os impedimentos para a auto-identificação, no período da adolescência, destaca-se a rejeição.

Caracterizado pelo abandono a que se sente relegado o jovem no lar, esse estigma o acompanha na escola, no grupo social, em toda parte, tornando-o tão amargurado quão infeliz.

Sentindo-se impossibilitado de auto-realizar-se, o adolescente, que vem de uma infância de desprezo, foge para dentro de si, rebelando-se contra a vida, que é a projeção inconsciente da família desestruturada, contra todos, o que é uma verdadeira desdita. Daí ao desequilíbrio, na desarmonia psicológica em que se encontra, é um passo.

Os exemplos domésticos, decorrentes de pais que se habituaram a usar medicamentos sob qualquer pretexto, especialmente Valium e Librium, como buscas de equilíbrio, de repouso, oferecem aos filhos estímulos negativos de resistência para enfrentar desafios e dificuldades de toda a natureza. Demonstrando incapacidade para suportar esses problemas sem a ajuda de químicos ingeridos os, abrem espaço na mente da prole, para que, ante dificuldades, fuja para os recantos da cultura das drogas que permanece em voga.

Por outro lado, a exuberante propaganda, a respeito dos indivíduos que vivem buscando remédios para quaisquer pequenos achaques, sem o menor esforço para vencê-los através dos recursos mentais e atividades diferenciadas, produz estímulos nas mentes jovens para que façam o mesmo, e se utilizem de outro tipo de drogas, aquelas que se transformaram em epidemia que avassala a sociedade e a ameaça de violência e loucura.

O alcoolismo desenfreado, sob disfarce de bebidas sociais, levando os indivíduos a estados degenerativos, a perturbações de vária ordem, torna-se fator predisponente para as famílias seguirem o mesmo exemplo, particularmente os filhos, sem estrutura de comportamento saudável.

O tabagismo destruidor, inveterado, responde pelas enfermidades graves do aparelho respiratório, criando dependência irrefreável, transformando-se em estímulo nas mentes juvenis para a usança de tais bengalas psicológicas, que são porta de acesso a outras substâncias químicas mais perturbadoras.

A utilização da maconha, sob a justificativa de não ser aditiva, apresentada como de conseqüências suaves e sem perigo de maiores prejuízos, com muita propriedade também denominada erva do diabo, cria, no organismo, estados de dependência, que facultarão a utilização de outras substâncias mais pesadas, que dão acesso à loucura, ao crime, em desesperadas deserções da realidade, na busca de alívio para a pressão angustiante e devoradora da paz.

Todas essas drogas tornam-se convites-soluções para os jovens desequipados de discernimento, que se lhes entregam inermes, tombando, quase irremissivelmente, nos seus vapores venenosos e destruidores, que só a muito custo conseguem superar, após exaustivos tratamentos e esforço hercúleo.

Os conflitos, de qualquer natureza, constituem os motivos de apresentação falsa para que o indivíduo se atire ao uso e abuso de substâncias perturbadoras, hoje ampliadas com os barbitúricos, a heroína, a cocaína, o crack e outros opiáceos.

E não faltam conflitos na criatura humana, principalmente no jovem que, além dos fatores de perturbação referidos, sofre a pressão dos companheiros e dos traficantes -que se encontram nos seus grupos sociais com o fim de os aliciar; a rebelião contra os pais, como forma de vingança e de liberdade; a fuga das pressões da vida, que lhe parece insuportável; o distúrbio emocional, entre os quais se destacam os de natureza sexual...

A educação no lar e na escola constitui o valioso recurso psicoterapêutico preventivo em relação a todos os tipos de drogas e substâncias aditivas, desvios comportamentais e sociais, bengalas psicológicas e outros derivativos.

A estruturação psicológica do ser é-lhe o recurso de segurança para o enfrentamento de todos os problemas que constituem a existência terrena, realizando-se em plenitude, na busca dos objetivos essenciais da vida e aqueloutros que são conseqüências dos primeiros.

Quando se está desperto para as finalidades existenciais que conduzem à auto-realização, à auto-identificação, todos os problemas são enfrentados com naturalidade e paz, porquanto ninguém amadurece psicologicamente sem as lutas que fortalecem os valores aceitos e propõem novas metas a conquistar.

Os mecanismos de fuga pelas drogas, normalmente produzem esquecimento, fugas temporárias ou sentimento de maior apreciação da simples beleza do mundo, o que é de duração efêmera, deixando pesadas marcas na emoção e na conduta, no psiquismo e no soma, fazendo desmoronar todas as construções da fantasia e do desequilíbrio.

É indispensável oferecer ao jovem valores que resistam aos desafios do cotidiano, preparando-o para os saudáveis relacionamentos sociais, evitando que permaneça em isolamento que o empurrará para as fugas, quase sem volta, do uso das drogas de todo tipo, pois que essas fugas são viagens para lugar nenhum.

Sempre se desperta desse pesadelo com mais cansaço, mais tédio, mais amargura e saudade do que se haja experimentado, buscando-se retomar a qualquer preço, destruindo a vida sob os aspectos mais variados

Por fim, deve-se considerar que a facilidade com que o jovem adquire a droga que lhe aprouver, tal a abundância que se lhe encontra ao alcance, constitui-lhe provocação e estímulo, com o objetivo de fazer a própria avaliação de resultados pela experiência pessoal. Como se, para conhecer-se a gravidade, o perigo de qualquer enfermidade, fosse necessário sofrê-la, buscando-lhe a contaminação e deixando-se infectar.

A curiosidade que elege determinados comportamentos desequilibradores já é sintoma de surgimento da distonia psicológica, que deve ser corrigida no começo, a fim de que se seja poupado de maiores conflitos ou de viagens assinaladas por perturbações de vária ordem.

Em todo esse conflito e fuga pelas drogas, o amor desempenha papel fundamental, seja no lar, na escola, no grupo social, no trabalho, em toda parte, para evitar ou corrigir o seu uso e o comprometimento negativo.

O amor possui o miraculoso condão de dar segurança e resistência a todos os indivíduos, particularmente os jovens, que mais necessitam de atenção, de orientação e de assistência emocional com naturalidade e ternura.

Diante, portanto, do desafio das drogas, a terapia do amor, ao lado das demais especializadas, constitui recurso de urgência, que não deve ser postergado a pretexto algum, sob pena de agravar-se o problema, tornando-se irreversível e de efeitos destruidores.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Adolescência e Vida. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A Grande pergunta.

E por que me chamais Senhor,
Senhor, e não fazeis o que eu digo?
- Jesus. (LUCAS, 6:46)

Em lamentável indiferença, muitas pessoas esperam pela morte do corpo, a fim de ouvirem as sublimes palavras do Cristo.

Não se compreende, porém, o motivo de semelhante propósito. O Mestre permanece vivo em seu Evangelho de Amor e Luz.

É desnecessário aguardar ocasiões solenes para que lhe ouçamos os ensinamentos sublimes e claros.

Muitos aprendizes aproximam-se do trabalho santo, mas desejam revelações diretas. Teriam mais fé, asseguram displicentes, se ouvissem o Senhor, de modo pessoal, em suas manifestações divinas. Acreditam-se merecedores de dádivas celestes e acabam considerando que o serviço do Evangelho é grande em demasia para o esforço humano e põem-se à espera de milagres imprevistos, sem perceberem que a preguiça sutilmente se lhes mistura à vaidade, anulando-lhes as forças.

Tais companheiros não sabem ouvir o Mestre Divino em seu verbo imortal. Ignoram que o serviço deles é aquele a que foram chamados, por mais humildes lhes pareçam as atividades a que se ajustam.

Na qualidade de político ou de varredor, num palácio ou numa choupana, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinou Jesus.

É por isso que a oportuna pergunta do Senhor deveria gravar-se de maneira indelével em todos os templos, para que os discípulos, em lhe pronunciando o nome, nunca se esqueçam de atender, sinceramente, às recomendações do seu verbo sublime.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho, Verdade e Vida. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 17 edição. Lição 47. Rio de Janeiro, RJ: FEB.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Escola.


Pelo Espírito Emmanuel, da obra "Busca e acharás", psicografada por Chico Xavier

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Desejos.



Desejo é realização antecipada.

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Querendo, mentalizamos; mentalizando, agimos; agindo, atraímos; e atraindo, realizamos.

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Como você pensa, você crê, e como você crê, será.

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Cada um tem hoje o que desejou ontem e terá amanhã o que deseja hoje.

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Campo de desejo, no terreno do espírito, é semelhante ao campo de cultura na gleba do mundo, na qual cada lavrador é livre na sementeira e responsável na colheita.

*

O tempo que o malfeitor gastou para agir em oposição à Lei, é igual ao tempo que o santo despendeu para trabalhar sublimando a vida.

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Todo desejo, na essência, é uma entidade tomando a forma correspondente.

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A vida é sempre o resultado de nossa própria escolha.

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O pensamento é vivo e depois de agir sobre o objeto a que se endereça, reage sobre a criatura que o emitiu, tanto em relação ao bem quanto ao mal.

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A senteça de Jesus: "procura e achará" equivale a dizer: "encontrarás o que desejas".


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Sinal Verde. Ditado pelo Espírito André Luiz. 42 edição. Uberaba, MG: CEC. 1996.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A Verdadeira Coragem.

A verdadeira coragem

Você saberia definir, com exatidão, o que é coragem?

Muitos, talvez, respondam a esta pergunta fazendo referência a atos impulsivos, impensados, e até mesmo violentos que, não raramente, colocam a vida de alguém em risco.

Quase sempre esta palavra está associada à impetuosidade e à agressividade nos atos, o que leva os indivíduos a resvalarem na precipitação, incapazes de conter ímpetos de violência sob a desculpa de serem corajosos.

Mas, então, qual o real significado desta palavra?

Um dicionário renomado da língua brasileira define coragem como a energia moral perante situações difíceis.

A coragem verdadeira traz, em si, o equilíbrio como base de todas as decisões, de todos os sentimentos, de todas as atitudes.

Dá forças para suportar todas as dificuldades sem derrotismo; mas com o entendimento do que está acontecendo, e, consequentemente, com a possibilidade de buscar a melhor maneira de enfrentar qualquer situação.

Quem é corajoso traz em si a serena confiança nas próprias resistências, não se expondo indevidamente, nem se permitindo os sentimentos inferiores de raiva, ou o desejo de vingança.

Ter autodisciplina exige coragem. A autodisciplina desenvolve verdadeiros tesouros morais que enriquecem o ser humano.

Coragem é conquista conseguida na sucessão das experiências evolutivas, entre variadas dificuldades e sofrimentos, mediante os quais se adquire resistência moral e calma.

É a força moral daqueles que, sendo pobres de haveres materiais, perseveram diante das dificuldades com resignação, sem desistir.

É a força que impele os idealistas que, com convicção, defendem aquilo em que acreditam, e não forçam outros a neles acreditar.

É necessário coragem para que o indivíduo mantenha-se humano, comporte-se de maneira adequada, sofra com dignidade, alegre-se sem exageros.

Pais corajosos educam seus filhos com base em valores morais e éticos.

Filhos corajosos respeitam e amam seus pais, e não se deixam guiar por modismos ou frivolidades.

Famílias corajosas mantêm-se unidas, e seus membros apoiam-se mutuamente nas dificuldades, alegrando-se todos com os sucessos de cada um.

O estudante corajoso valoriza o aprendizado; o mestre corajoso não desiste jamais.

O cidadão corajoso ama sua pátria e respeita as leis vigentes.

O ser humano verdadeiramente corajoso não tem medo de amar. Sim, amar a todos como nosso Mestre Jesus a todos recomendou.

Nada igual à coragem de Jesus que nunca abandonou Suas convicções, mas que, em nenhum momento usou de violência moral ou física para fazer com que Nele acreditassem ou que O seguissem!

Nada igual à coragem de Jesus que a todos amou, entendeu e perdoou, mesmo nos momentos de maior sofrimento!

Redação do Momento Espírita com base nos cap. 6 e 9 do livro
Iluminação interior, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 29.07.2009.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Poder da Gentileza.

Eminente professor negro, interessado em fundar uma escola num bairro singelo, onde centenas de crianças desamparadas cresciam sem o benefício das letras, foi recebido pelo prefeito da cidade que lhe disse imperativamente, depois de ouvir-lhe o plano:

- A lei e a bondade nem sempre podem estar juntas. Organize uma casa e autorizaremos a providência.

- Mas, doutor, não dispomos de recursos... - considerou o benfeitor dos meninos desprotegidos.

- Que fazer?

- De qualquer modo, cabe-nos amparar os pequenos analfabetos.

O prefeito reparou-lhe demoradamente a figura humilde, fez um riso escaninho e acrescentou:

- O senhor não pode intervir na administração.

O professor, muito triste, retirou-se e passou a tarde e a noite daquele sábado, pensando, pensando...

Domingo, muito cedo, saiu a passear, sob as grandes árvores, na direção de antigo mercado.

Lá comentando, na oração silenciosa:

- Meu Deus, como agir? Não receberemos um pouso para as criancinhas, Senhor?

Absorvido na meditação, atingiu o mercado e entrou.

O movimento era enorme.

Muitas compras. Muita gente.

Certa senhora, de apresentação distinta, aproximou-se dele e tomando-o por servidor vulgar, de mãos desocupadas e cabeça vazia, exclamou:

- Meu velho, venha cá.

O professor acompanhou-a, sem vacilar.

À frente dum saco enorme, em que se amontoavam mais de trinta quilos de verdura, a matrona recomendou:

- Traga-me esta encomenda.

Colocou ele o fardo às costas e seguiu-a.

Caminharam seguramente uns quinhentos metros e penetraram elegante vivenda, onde a senhora voltou a solicitar:

- Tenho visitas hoje. Poderá ajudar-me no serviço geral?

- Perfeitamente - respondeu o interpelado -, dê suas ordens.

Ela indicou pequeno pátio e determinou-lhe a preparação de meio metro de lenha para o fogão.

Empunhando o machado, o educador, com esforço, rachou algumas toras. Findo o serviço, foi chamado para retificar a chaminé. Consertou-a com sacrifício da própria roupa. Sujo de pó escuro, da cabeça aos pés, recebeu ordem de buscar um peru assado, a distância de dois quilômetros. Pôs-se a caminho, trazendo o grande prato em pouco tempo. Logo após, atirou-se à limpeza de extenso recinto em que se efetuaria lauto almoço.

Nas primeiras horas da tarde, sete pessoas davam entrada no fidalgo domicílio. Entre elas, relacionava-se o prefeito que anotou a presença do visitante da véspera, apresentado ao seu gabinete por autoridades respeitáveis. Reservadamente, indagou da irmã, que era a dona da casa, quanto ao novo conhecimento, conversando ambos em surdina.

Ao fim do dia, a matrona distinta e autoritária, com visível desapontamento, veio ao servo improvisado e pediu o preço dos trabalhos.

- Não pense nisto - respondeu com sinceridade -,tive muito prazer em ser-lhe útil.

No dia imediato, contudo, a dama da véspera procurou-o, na casa modesta em que se hospedava e, depois de rogar-lhe desculpas, anunciou-lhe a concessão de amplo edifício, destinado à escola que pretendia estabelecer. As crianças usariam o patrimônio à vontade e o prefeito autorizaria a providência com satisfação.

Deixando transparecer nos olhos úmidos a alegria e o reconhecimento que lhe reinavam nalma, o professor agradeceu e beijou-lhe as mãos, respeitoso.

A bondade dele vencera os impedimentos legais.

O exemplo é mais vigoroso que a argumentação.

A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Alvorada Cristã. Ditado pelo Espírito Neio Lúcio. 11 edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1996.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vontade de Deus.



Narração de Divaldo Pereira Franco, ditado do espírito Joanna de Angelis.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Minutos de Sabedoria.

Se o sofrimento bateu à sua porta, não se desespere: são bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

O sofrimento parece a todos um mal, a dor apavora...

Mas, quando aprendemos que a dor é uma libertação que nos devolve a paz de espírito, passamos a julgá-la menos dolorosa.

Para que sua dor doa menos, aprenda a conformar-se com ela, porque ela representa sua libertação.


(Carlos Torres Pastorino)
Minutos de Sabedoria. Ed. Vozes, página 117.


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terça-feira, 14 de julho de 2009

Cruz e Paz.

Referiu-se o Senhor: "Toma a tua cruz e segue-me." Desse modo, prometeu-nos Ele a paz após a cruz. Cruz e paz - eis os termos da equação da vida.

Fonte: http://www.divaldofranco.com/ecards.php?cat=4

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terça-feira, 7 de julho de 2009

Trabalho.


"E Jesus lhes respondeu: Meu Pai obra até agora, e eu trabalho também." (João, 5:17.)

Em todos os recantos, observamos criaturas queixosas e insatisfeitas.

Quase todas pedem socorro. Raras amam o esforço que lhes foi conferido. A maioria revolta-se contra o gênero de seu trabalho.

Os que varrem as ruas querem ser comerciantes; os trabalhadores do campo prefeririam a existência na cidade.

O problema, contudo, não é de gênero de tarefa, mas o de compreensão da oportunidade recebida.

De modo geral, as queixas, nesse sentido, são filhas da preguiça inconsciente. É o desejo ingênito de conservar o que é inútil e ruinoso, das quedas no pretérito obscuro.

Mas Jesus veio arrancar-nos da "morte no erro". Trouxe-nos a bênção do trabalho, que é o movimento incessante da vida.

Para que saibamos honrar nosso esforço, referiu-se ao Pai que não cessa de servir em sua obra eterna de amor e sabedoria e à sua tarefa própria, cheia de imperecivel dedicação à Humanidade.

Quando te sentires cansado, lembra-te de que Jesus está trabalhando. Começamos ontem nosso humilde labor e o Mestre se esforça por nós, desde quando?


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho, Verdade e Vida. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 16 edição. Lição 4. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1996.

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segunda-feira, 6 de julho de 2009

Programa Mundo Além.

TVCEI lança programa de TV sobre fenômenos espíritas

Os mais variados fenômenos mediúnicos e paranormais registrados em
vídeo são abordados pelo programa "Mundo Além". Canções
mediúnicas, pinturas atribuídas a Renoir, Monet e Picasso, filmes
como "O Sexto Sentido" e "Ghost" comentados por Divaldo Franco e Raul
Teixeira estão entre os temas abordados. O programa é o primeiro
produzido pela TVCEI e promete agradar ao público espírita,
estudiosos do assunto e todos aqueles interessados em fatos
intrigantes envolvendo médiuns, comunicações espirituais e
fenômenos ainda inexplicados pela Ciência. Acompanhe aos domingos
às 19h30 e reprises às terças e quintas, 21h30.

Assista a uma demonstração do programa no youtube:

PARTE 1 <http://www.youtube.com/watch?v=4hClc_PDB0Y>
PARTE 2 <http://www.youtube.com/watch?v=JKmzODhcZVg>
PARTE 3 <http://www.youtube.com/watch?v=ykzldyjaxkk>

Fonte: www.tvcei.com.br

terça-feira, 30 de junho de 2009

Saibamos Confiar


"Não andeis, pois, inquietos." - Jesus. (MATEUS, 6:31.)

Jesus não recomenda a indiferença ou a irresponsabilidade.

O Mestre, que preconizou a oração e a vigilância, não aconselharia a despreocupação do discípulo ante o acervo do serviço a fazer.

Pede apenas combate ao pessimismo crônico.

Claro que nos achamos a pleno trabalho, na lavoura do Senhor, dentro da ordem natural que nos rege a própria ascensão.

Ainda nos defrontaremos, inúmeras vezes, com pântanos e desertos, espinheiros e animais daninhos.

Urge, porém, renovar atitudes mentais na obra a que fomos chamados, aprendendo a confiar no Divino Poder que nos dirige.

Em todos os lugares, há derrotistas intransigentes.

Sentem-se nas trevas, ainda mesmo quando o Sol fulgura no zênite.

Enxergam baixeza nas criaturas mais dignas.

Marcham atormentados por desconfianças atrozes. E, por suspeitarem de todos, acabam inabilitados para a colaboração produtiva em qualquer serviço nobre.

Aflitos e angustiados, desorientam-se a propósito de mínimos obstáculos, inquietam-se, com respeito a frivolidades de toda sorte e, se pudessem, pintariam o firmamento à cor negra para que a mente do próximo lhes partilhe a sombra interior.

Na Terra, Jesus é o Senhor que se fez servo de todos, por amor, e tem esperado nossa contribuição na oficina dos séculos. A confiança dEle abrange as eras, sua experiência abarca as civilizações, seu devotamento nos envolve há milênios...

Em razão disso, como adotar a aflição e o desespero, se estamos apenas começando a ser úteis?



Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Vinha de Luz
. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Lição 86. Edição Internet baseada na 14a edição (Download do livro em http://www.febnet.org.br). Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1996.



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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sabedoria de Índio.

Uma noite, um velho índio contou ao seu neto sobre uma batalha que acontece dentro das pessoas.

Ele disse: 'Meu filho, a batalha é entre dois 'lobos' dentro de todos nós. Um é o Mau. É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso e superioridade.

O outro é Bom. É alegria de viver, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.

O neto pensou naquilo por alguns minutos... e perguntou ao seu avô : - 'Qual lobo morre'?

O velho índio simplesmente respondeu: - 'Aquele que você deixar de alimentar'


(Autor desconhecido)


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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pinga Fogo: A Prática do Bem.

Por Richard Simonetti

1 – Os espíritas revivem o trabalho da primitiva comunidade cristã, dedicando-se a obras assistenciais. não é pouco para a edificação de uma sociedade melhor?
Sem dúvida, mas é um começo. Podemos não resolver os problemas humanos, mas estamos ajudando a criar uma mentalidade participativa, em que as pessoas disponham-se a fazer algo em favor do próximo.

2 – Jesus, há dois mil anos, já ensinava que devemos fazer ao semelhante todo o bem que gostaríamos nos fosse feito. suas palavras têm motivado muita gente, ao longo dos milênios, mas o apelo da Doutrina Espírita parece ser bem maior, porquanto embora numa minoria em nosso país, os espíritas realizam um valioso trabalho nesse sentido. A que atribuir esse comportamento?
Jesus nos convidava ao Bem. O Espiritismo, com a ampla visão das realidades espirituais que nos oferece, demonstra ser indispensável que exercitemos a bondade ou incorreremos em crimes de omissão e indiferença, pelos quais fatalmente responderemos.

3 - Não há aí uma ameaça velada, inspirando a adesão pelo medo?
Absolutamente. O Espiritismo é a doutrina da consciência livre. Não ameaça com o inferno nem promete o Céu. Apenas confirma claramente que, conforme ensinava Jesus, o Céu e o inferno são estados de consciência. A doutrina simplesmente demonstra que o empenho de servir é a porta de acesso a estados de consciência que nos situam no paraíso interior.

4 - O jeito é irmos todos para a periferia socorrer os pobres?
Seria muito pouco. Não basta determinado compromisso – a visita a enfermos ou à favela, por exemplo. O exercício do Bem é uma postura diante da vida, com a consciência de que onde estivermos poderemos fazer algo em favor de alguém.

5 - Poderia citar alguns exemplos?
São incontáveis – a atenção a um familiar; o empenho de preservar a paz no ambiente doméstico; o perdão diante das ofensas; a palavra branda contrapondo-se à agressividade; a oração por alguém em dificuldade; o silêncio diante de fofocas que denigrem reputações; a cooperação ativa no ambiente profissional; o esforço por preservar a ordem e a limpeza no logradouro público; a participação em mutirões que visam realizar determinada obra comunitária…

6 – Considerando assim sempre haverá algo de bom a fazer, mesmo que enfrentemos limitações?
Lembro-me de uma senhora paralítica que eu visitava juntamente com outros companheiros, prestando-lhe assistência material e espiritual. Na verdade, com todas as suas limitações, ela nos dava mais do que recebia, oferecendo um eloqüente exemplo de coragem e otimismo. Enfrentava sua provação, sempre alegre, risonha, corajosa. Quando nos despedíamos, seu “Deus os abençoe” iluminava nosso dia.

7 - No fundo ela fazia bem a si mesma?
Exatamente. Não estava apenas resgatando o passado. Com sua atitude construía um glorioso futuro. Não apenas depurava seu Espírito. Dava-lhe brilho e luz.

8 - Também podemos exercitar o bem com o nosso corpo?
É imperioso que o façamos. o Corpo é uma máquina que Deus nos empresta para as experiências na carne. Responderemos por todos os prejuízos que lhe causarmos. Geralmente julgamos que a enfermidade é um problema cármico. Raramente isso ocorre. Os problemas do corpo são decorrentes de mau uso, ausência de exercícios, comportamento indisciplinado, vícios, gula e, sobretudo, a pressão violenta que exercemos sobre ele quando nos deixamos dominar por ressentimento, mágoa, rancor, irritação, impaciência e outros sentimentos próprios de nossa imaturidade.



Fonte: http://www.richardsimonetti.com.br/pinga_fogo/a_pratica_do_bem.htm

terça-feira, 16 de junho de 2009

Psicopictografia, o que é?



A psicopictografia é uma manifestação espírita, pela qual um Espírito, através de um médium, se expressa por meio pinturas. Kardec define o médium pintor ou desenhista como sendo aquele que pintam ou desenham sob a influencia de um Espírito.

No vídeo acima temos uma seção de pintura mediúnica com Luiz Gasparetto, filho de Zíbia Gasparetto. Reparem a influência do Espírito sob a matéria (velocidade do corpo do médium, técnicas e fluência da pintura). Em certos momentos temos a impressão da imagem estar acelerada, mas não.

Assim como na psicografia, onde o Espírito se expressa pelas palavras, na psicopictografia os Espíritos Superiores manifestam sua sabedoria através de belas imagens, transmitindo Paz aos acompanhantes da seção.