quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pinga Fogo: A Prática do Bem.

Por Richard Simonetti

1 – Os espíritas revivem o trabalho da primitiva comunidade cristã, dedicando-se a obras assistenciais. não é pouco para a edificação de uma sociedade melhor?
Sem dúvida, mas é um começo. Podemos não resolver os problemas humanos, mas estamos ajudando a criar uma mentalidade participativa, em que as pessoas disponham-se a fazer algo em favor do próximo.

2 – Jesus, há dois mil anos, já ensinava que devemos fazer ao semelhante todo o bem que gostaríamos nos fosse feito. suas palavras têm motivado muita gente, ao longo dos milênios, mas o apelo da Doutrina Espírita parece ser bem maior, porquanto embora numa minoria em nosso país, os espíritas realizam um valioso trabalho nesse sentido. A que atribuir esse comportamento?
Jesus nos convidava ao Bem. O Espiritismo, com a ampla visão das realidades espirituais que nos oferece, demonstra ser indispensável que exercitemos a bondade ou incorreremos em crimes de omissão e indiferença, pelos quais fatalmente responderemos.

3 - Não há aí uma ameaça velada, inspirando a adesão pelo medo?
Absolutamente. O Espiritismo é a doutrina da consciência livre. Não ameaça com o inferno nem promete o Céu. Apenas confirma claramente que, conforme ensinava Jesus, o Céu e o inferno são estados de consciência. A doutrina simplesmente demonstra que o empenho de servir é a porta de acesso a estados de consciência que nos situam no paraíso interior.

4 - O jeito é irmos todos para a periferia socorrer os pobres?
Seria muito pouco. Não basta determinado compromisso – a visita a enfermos ou à favela, por exemplo. O exercício do Bem é uma postura diante da vida, com a consciência de que onde estivermos poderemos fazer algo em favor de alguém.

5 - Poderia citar alguns exemplos?
São incontáveis – a atenção a um familiar; o empenho de preservar a paz no ambiente doméstico; o perdão diante das ofensas; a palavra branda contrapondo-se à agressividade; a oração por alguém em dificuldade; o silêncio diante de fofocas que denigrem reputações; a cooperação ativa no ambiente profissional; o esforço por preservar a ordem e a limpeza no logradouro público; a participação em mutirões que visam realizar determinada obra comunitária…

6 – Considerando assim sempre haverá algo de bom a fazer, mesmo que enfrentemos limitações?
Lembro-me de uma senhora paralítica que eu visitava juntamente com outros companheiros, prestando-lhe assistência material e espiritual. Na verdade, com todas as suas limitações, ela nos dava mais do que recebia, oferecendo um eloqüente exemplo de coragem e otimismo. Enfrentava sua provação, sempre alegre, risonha, corajosa. Quando nos despedíamos, seu “Deus os abençoe” iluminava nosso dia.

7 - No fundo ela fazia bem a si mesma?
Exatamente. Não estava apenas resgatando o passado. Com sua atitude construía um glorioso futuro. Não apenas depurava seu Espírito. Dava-lhe brilho e luz.

8 - Também podemos exercitar o bem com o nosso corpo?
É imperioso que o façamos. o Corpo é uma máquina que Deus nos empresta para as experiências na carne. Responderemos por todos os prejuízos que lhe causarmos. Geralmente julgamos que a enfermidade é um problema cármico. Raramente isso ocorre. Os problemas do corpo são decorrentes de mau uso, ausência de exercícios, comportamento indisciplinado, vícios, gula e, sobretudo, a pressão violenta que exercemos sobre ele quando nos deixamos dominar por ressentimento, mágoa, rancor, irritação, impaciência e outros sentimentos próprios de nossa imaturidade.



Fonte: http://www.richardsimonetti.com.br/pinga_fogo/a_pratica_do_bem.htm

Nenhum comentário: