quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Lutar é vencer.

Por Luiz Carlos Prates (clicrbs.com.br)

Faz alguns dias, uma mulher deu um tapa simbólico na cara de machos obtusos e de outras mulheres frouxas, mulheres que, aliás, não deviam ter nascido.

Antes de abrir a porta e deixar entrar o assunto desta conversa, devo dizer que costumamos gozar de inúmeros prazeres graças ao esforço, à coragem, ao pioneirismo anônimo de outras pessoas, muitas das quais nunca ouvimos falar. Pessoas que um dia enfrentaram resistências, souberam dizer não, expuseram-se a graves riscos mas persistiram, lutaram por direitos, decência e, mais do que tudo, por respeito.

Como dizia, dia destes uma mulher formidável, dessas que mudam a História, foi fustigada no Sudão, país africano, por andar nas ruas vestindo calças. Sim, calças dessas que um dia só foram usadas por homens, mas que há muito tempo foram aderidas pelas mulheres. Claro, com as devidas adaptações de estilo.

Essa mulher de quem trato é jornalista, viúva, tem 34 anos e é muçulmana. Pois não é que homens imbecis teimaram que ela não podia usar calças, roupa, para eles, indecente... Pode tão crassa estupidez? Claro que pode, é o que mais há por aí em nações de formidável atraso civilizatório e religioso... argh!

Pois essa jornalista, de nome Lubna, por andar vestindo o "pecado", foi condenada a 40 chibatadas. Quarenta chibatadas no dorso frágil de mulher. E tudo por usar calças.

Mas os machos de araque se deram mal e recuaram na covarde punição. O mundo reagiu, e os moralistas de botequim se borraram. Comutaram a pena.

Deram a Lubna, como pena alternativa, uma multa de aproximadamente R$ 400. Lubna disse que não pagava e ponto final, que preferia ir para a cadeia. E ainda disse que se aceitasse a multa isso corresponderia a aceitar-se culpada de alguma coisa, e ela não era culpada de nada, nada tinha feito de errado. Que viessem os carcereiros buscá-la, preferia a cadeia a ser vencida. E venceu. Os "valentes" acabaram por libertá-la de tudo.

Essa história bem mostra que as mulheres, ou qualquer um, quando luta por uma causa, sabe da decência dessa causa, sabe dos seus direitos de cidadã, de cidadão e não arria para machos impotentes, vence a luta. Esse tipo de "macho" não está acostumado a enfrentar resistência, escora-se, não raro, em liturgias e sentenças religiosas. Aliás, nada tem de religioso qualquer cerceamento à liberdade das pessoas, e mais ainda quando o cerceamento resulta de exigências de tolos apedeutas.

Bela Lubna, à vida. Tu que és símbolo do que há de melhor nas melhores mulheres.

Fonte: http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=2&local=18&template=3948.dwt&section=Blogs&post=227506&blog=425&coldir=1&topo=3994.dwt

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